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Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2025
Sarampo gera alerta no Brasil, mas país mantém status de área livre da doença

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Sarampo gera alerta no Brasil, mas país mantém status de área livre da doença

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O aumento de casos de sarampo no continente americano levanta preocupação para o Brasil. Apesar disso, os três casos de sarampo confirmados no país não comprometem o certificado de país livre da doença, conquistado no ano passado. “Para a gente perder essa recertificação, a gente tem que ter durante um ano, a partir do primeiro caso, cadeias de transmissão com o mesmo genótipo do vírus circulando,” explicou Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), credenciado como unidade de referência regional para sarampo pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Até o momento, o Ministério da Saúde confirmou casos esporádicos: dois no Rio de Janeiro, em bebês gêmeos que ainda não tinham idade para vacinação, e um no Distrito Federal, em uma mulher adulta que provavelmente se infectou durante uma viagem ao exterior. Das 110 notificações de suspeitas registradas até 12 de março, 22 ainda estavam em investigação, conforme os últimos dados do painel epidemiológico do ministério. Por determinação legal, casos suspeitos de sarampo devem ser notificados imediatamente às autoridades sanitárias. Quando há confirmação, é seguido um protocolo que envolve a identificação e o monitoramento de todos os possíveis infectados, além do bloqueio vacinal, com reforço da imunização em locais como escolas e ambientes de trabalho frequentados pelo doente. “O sarampo é causado por um dos vírus mais infecciosos que existem. Se alguém com sarampo chega em um ambiente com baixa cobertura vacinal, o vírus é transmitido para 17 pessoas, mais ou menos. Já o SARS-CoV, por exemplo, é transmitido para duas pessoas, apesar de ser um vírus que também é muito transmissível,” destacou Siqueira. Relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), divulgado em 24 de março, chama a atenção para os 507 casos de sarampo confirmados neste ano em países do continente, superando o total de todo o ano passado. Os Estados Unidos registraram 301 casos, com duas mortes; o Canadá teve 173; o México contabilizou 22; e a Argentina, 11. Segundo a Opas, o risco de disseminação do sarampo e a ameaça à saúde pública são altos. Um caso exemplar foi registrado em 2017, quando o Brasil, recebendo um fluxo significativo de cidadãos da Venezuela, enfrentou alta nos casos de sarampo, o que levou, no ano seguinte, a um surto em estados próximos à fronteira e depois em outras localidades. “Os culpados, por assim dizer, não foram os cidadãos da Venezuela. É porque naquela época nós já estávamos com deficiência na nossa cobertura vacinal. Hoje em dia, com todas as conexões que nós temos, principalmente através da aviação, naturalmente nós esperamos, não só no Brasil, um número de casos importados todos os anos. O que a gente não deve ter é essa grande batalha para que não tenha cadeias de transmissão. A gente tem uma ferramenta poderosa na nossa mão que é a vacina,” pontuou Marilda Siqueira. A vacina contra o Morbilivirus, causador do sarampo, foi desenvolvida na década de 1960 e passou a ser amplamente aplicada no Brasil nos anos 1990, após a declaração de erradicação da poliomielite. Antes disso, o sarampo causava cerca de 2,5 milhões de mortes infantis mundialmente a cada ano. Hoje, a imunização é aplicada por meio da vacina Tríplice Viral, que também protege contra caxumba e rubéola, e sua primeira dose é recomendada aos 12 meses de idade, com a segunda aos 15 meses. Em 2024, a meta de cobertura de 95% na primeira dose foi atingida, mas menos de 80% das crianças receberam a segunda dose. “A eficácia dessa vacina é de 93% a 95%, o que significa que 5% a 7% das pessoas não vão responder de forma adequada. Então a gente faz a segunda dose por dois motivos: para evitar essa falha primária e porque, com o passar do tempo, a proteção diminui naturalmente, e o reforço prolonga essa proteção,” explicou Juarez Cunha, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Cunha lembrou ainda que a queda na cobertura vacinal foi agravada durante a pandemia. “Durante a pandemia, caiu muito a cobertura vacinal. Então, vamos dizer, se a gente teve 70% de cobertura, significa que 30% daquelas crianças não foram vacinadas no tempo correto. Se elas não foram vacinadas até agora, elas vão engrossar um grupo de suscetíveis.” Pessoas de até 59 anos que não se vacinaram ou não sabem se foram imunizadas também devem se dirigir a uma unidade de saúde. Dados das Américas mostram que o sarampo não atinge apenas crianças pequenas: cerca de metade das infecções ocorre em pessoas com idades entre 10 e 29 anos. Mesmo que os adultos tenham menor probabilidade de manifestar a forma grave da doença, eles podem transmitir o vírus para bebês menores de 1 ano ou pessoas imunossuprimidas, que não podem ser vacinadas. “O sarampo é frequentemente descrito como o melhor sinal de que a vacinação não vai bem em algum lugar, porque como ele é muito facilmente transmissível, qualquer perda na imunidade coletiva já permite que pessoas suscetíveis adoeçam, em especial, as crianças mais novas,” observou Luciana Phebo, chefe de Saúde do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil. Luciana reforça que a queda na cobertura das vacinas de rotina durante a pandemia e a hesitação vacinal são fatores críticos para a alta nos casos de sarampo, além da influência de discursos falsos. “A hesitação vacinal chegou a ser considerada uma das principais ameaças à saúde pública global.” Esse fenômeno ocorre quando as pessoas atrasam ou recusam a vacinação, mesmo com a disponibilidade dos imunizantes.
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